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Novena da Divina Misericórdia

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Uma preparação espiritual para a Festa da Misericórdia

Um dos elementos mais presentes na religiosidade ou devoção popular são as novenas preparatórias para as festas dos padroeiros locais.

Uma das maiores místicas da espiritualidade cristã soube integrar muito bem liturgia e piedade. Santa Faustina Kowalska alimentava a sua fé, esperança e caridade, sobretudo, a partir dos sacramentos (Eucaristia e Confissão; ano litúrgico) e da oração comunitária e pessoal (meditação, contemplação), e ao redor deste eixo inseria as práticas devocionais (oração vocal). Em seu Diário encontramos o testemunho de que ela várias vezes realizou novenas (ao Sagrado Coração de Jesus, ao Espírito Santo, a N. Senhora, aos santos) através da recepção da Comunhão, Adoração ao Ssmo., orações específicas (Via-Sacra, oração à misericórdia divina [n. 187], mil Ave-Marias, ladainhas etc.) e/ou mortificações, tendo em vista objetivos diversos: por si mesma, pela obra da divina misericórdia, pelo Papa, pelo confessor, pelo clero, pelo mundo e pela pátria (cf. nn. 150; 269; 325; 529; 647; 665; 922; 940; 1041s; 1090; 1206; 1251; 1257; 1290; 1413; 1752). Algumas vezes foi o próprio Jesus quem diretamente lhas recomendou: “Vai falar com a Superiora e pede que te permita fazer diariamente uma hora de adoração, durante nove dias… Reza de coração em união com Maria e, também, procura durante esse tempo fazer a Via-sacra” (n. 32s); “Faz uma novena pela Pátria” (n. 59s); “Faz uma novena na intenção do Santo Padre…” (n. 341).

 

O Diário de Santa Faustina nos lega, outrossim, uma nova e importante prática de piedade, a novena em preparação à Festa da Divina Misericórdia, que por isso mesmo se encontra em profunda relação com a liturgia da Igreja. Acontece durante o Tríduo Pascal e a Oitava da Páscoa, favorecendo ao fiel uma mais profunda imersão no mistério da misericórdia divina, que plenamente se manifesta na paixão, morte e ressurreição de Jesus Cristo. Em 3 momentos o Diário trata desta novena de um modo específico:

Prelúdio – Em 1936: “O Senhor me disse para rezar o Terço da Misericórdia por nove dias antes da Festa da Misericórdia. Devo começar na Sexta-feira santa. Através desta novena concederei às almas toda espécie de graças” (n. 796);

Revelação completa – Em 1937: “Jesus me manda fazer uma novena antes da Festa da Misericórdia, e hoje devo começá-la, pedindo a conversão do mundo inteiro e o conhecimento da misericórdia de Deus” (n. 1059);

“Novena à Misericórdia Divina que Jesus me mandou escrever e rezar antes da Festa da Misericórdia. Começa na sexta-feira santa. Desejo que, durante estes nove dias, conduzas as almas à fonte da Minha misericórdia, a fim de que recebam força, alívio e todas as graças de que necessitam nas dificuldades da vida e, especialmente na hora da morte. Cada dia conduzirás ao Meu Coração um grupo diferente de almas e as mergulharás nesse oceano da Minha misericórdia. Eu conduzirei todas essas almas à Casa de Meu Pai. Procederás assim nesta vida e na futura. Por Minha parte, nada negarei àquelas almas que tu conduzirás à fonte da Minha misericórdia. Cada dia pedirás a Meu Pai, pela Minha amarga Paixão, graças para essas almas” (n. 1209).

Já naquele ano de 1937 esta novena era aprovada e publicada em Cracóvia (cf. nn. 1255; 1379). As suas nove intenções se encontram sob os números 1209-1229 do Diário, e abarcam os mais variados grupos de pessoas. Reza-se por todo o gênero humano marcado pelo pecado (todos somos pecadores!), mas de modo especial pelos pecadores (agonizantes, impenitentes, endurecidos e empedernidos, segundo expressões utilizadas no Diário); intercede-se pelos diversos membros da Igreja, tanto pelos sacerdotes e religiosos, como pelos fiéis em geral; pede-se também pelos cristãos separados (“heréticos e cismáticos”), pelos não-cristãos e por aqueles que ainda não conhecem a Deus (ateus, agnósticos e poderíamos incluir os “católicos de IBGE”!); reza-se pelas almas mansas e humildes (mais semelhantes ao Coração de Jesus) e pelos que glorificam de maneira especial a Divina misericórdia; por fim são apresentadas ao Senhor as alma do purgatório e aqueles que vivem na tibieza (baixo fervor espiritual e empenho cristão). Vê-se que é uma maravilhosa prática de intercessão comunitária, uma espécie de prolongamento da Oração universal com suas 10 intenções, antiga oração presente na Celebração da Paixão do Senhor na Sexta-feira santa.

No Diário igualmente se exorta a rezar durante nove dias à divina misericórdia em outras circunstâncias. Por exemplo, em 1935, Santa Faustina resolveu “fazer logo uma novena à Misericórdia” por uma pessoa em necessidade (n. 364). Naquele mesmo ano o próprio Jesus lhe pediu rezar o terço da misericórdia por nove dias, a fim de que se aplacasse a justiça divina antes os pecados do mundo (n. 476). No ano seguinte Jesus pede que as irmãs e as educandas fizessem o mesmo pela Polônia (n. 714). Noutra ocasião S. Faustina reza uma novena à misericórdia divina no dia 28 de dezembro (n. 851). Em 1938 a religiosa polonesa realizou esta novena por uma coirmã, a fim de que se cumprisse nela os planos divinos, pois “na oração não devemos forçar a Deus a nos dar o que nós queremos, mas antes submeter-nos à Sua santa vontade” (n. 1525).